“Eu manifestei o meu desejo de vir trabalhar no Japão como missionário e cheguei ao Japão em 1988. Eu acredito que o trabalho missionário não é simplesmente chegar aqui com uma cruz ou bíblia debaixo do braço, tentando converter os japoneses. Dizer que caso eles não se convertam eles vão queimar no fogo do inferno é uma falta de respeito com a cultura deles. Acho que ser missionário é muito mais do que isso. Eu procuro ver deus presente dentro da cultura japonesa. Eu sempre quis encontrar o rosto oriental de deus. Eu não vim para o Japão com o objetivo de ensinar um bando de pagãos. Essa idéia já é bastante antiga.”
“Para mim, 13 anos de Japão ainda não é nada. É muito pouco. Acho que a experiência vai começar a contar quando eu chegar aos 20 anos. O Japão não é só uma questão de anos de vivência. Eu sempre estive envolvido com a cultura japonesa. Japão é um estilo de vida. Pratiquei muitos anos de karatê e judô. Mais tarde me envolvi também com a cultura chinesa. Sou professor de Taiji e de Shin-i.”
“O Japão para mim é muito mais uma forma de ser e de pensar. Mesmo que eu tivesse de sair daqui, a ligação continuaria. Acho que não é uma questão física. Eu tenho um grupo em Gunma que se reúne no salão de igreja para praticar Taiji e Ti-kong. Quando possível nos reunimos também para realizar a cerimônia do chá. Nas missas também eu procuro aproveitar para traçar paralelos entre as religiões, aproveitando minha experiência com o shintoismo e o budismo. Na missa de natal, aproveitei para explicar que esse ano é ano do cavolo de água no calendário chinês. É um desperdício viver no Japão e não ter o mínimo de noção do quê acontece aqui e tomar uma postura de que os católicos estão acima de todos os outros. Para mim, o mais importante é que a religião busque despertar o amor sincero aos outros e à natureza, independente da forma que adquira. Eu faço parte de uma comunidade religiosa shintoísta, chamada Yamabushi. Eu fui o primiero estrangeiro a ser aceito como membro dessa comunidade. Eu também tenho contato com um grupo de budismo exotérico chamado Shingon Mikyo”.
“As culturas japonesa, chinesa e a africana não conflitam nem um pouco dentro de mim. Uma completa a outra de formas distintas. Eu sou esse conjunto de culturas”.
Homenagem do Grafite de Joca pela Arte de Michèle Sato (Mimi Sato):
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