Recebi do professor João Monlevade um interessantíssimo projeto acerca de possibilidades de ampliação da qualidade da educação e de ampliação de acesso, com impacto ao Ensino Médio
Idéias sobre Acesso à Universidade em Goiás
Vivian
No século XXI ocorreu um crescimento de vagas em cursos de graduação públicos (UFG, IFG, UEG) bem maior do que o aumento do número de concluintes do ensino médio. Em 2011 tivemos cerca de 80.000 concluintes do ensino médio, somando a rede estadual (65.000) e a rede privada (15.000). Enquanto isso, as vagas nos cursos de graduação em 2012 chegam a perto de 15.000.
O aumento de vagas, que se reflete no crescimento de matrículas, foi possível principalmente pela implantação de novos cursos da UFG – em especial no campus de Catalão – e pela multiplicação de campi dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, com cursos de licenciatura e tecnologia. Mas é muito significativa a presença dos cursos de graduação da UEG, especialmente nas cidades do interior do estado.
Mesmo com esse crescimento e a abertura de cursos noturnos, ainda não existe uma democratização satisfatória no preenchimento das vagas, ocorrendo em Goiás o mesmo fenômeno que se dá no resto do Brasil: os estudantes que têm acesso aos cursos mais disputados provêm das escolas privadas de ensino médio. Esse fenômeno contribui de forma pesada para o desestímulo dos alunos do ensino médio público em seu esforço de aplicação aos estudos. A estrutura de acesso acaba por influenciar negativamente na qualidade do ensino na rede estadual, até mesmo no ensino fundamental, cujos professores se acomodam com a discriminação já histórica que sofrem seus alunos no percurso escolar. Daí os resultados medíocres das escolas estaduais no IDEB.
Como reverter esta situação?
Duas políticas já estão em curso. A primeira é a da ampliação das vagas nos cursos de graduação, principalmente em cursos noturnos. A segunda é a política de cotas, que deve ser reforçada com a sanção da lei federal que reserva 50% das vagas das instituições federais (universidades e institutos) para os alunos egressos de escolas públicas.
Mas existe outro caminho a se tentar. Qual é? É a articulação do acesso às vagas dos cursos públicos a uma avaliação cumulativa no ensino médio. Como?
A idéia é simples. Façamos uma simulação. Imaginemos que 80.000 novos estudantes se matriculem em 2013 nas escolas de ensino médio em Goiás, 65.000 no primeiro ano de escolas estaduais e 15.000 de escolas privadas. Pensemos que haja um esforço de maior aumento de vagas nas instituições federais e estaduais que resulte em 25.000 para o ano de 2016. Um programa estadual centralizado de avaliação conjunta – pelas escolas e pelas instituições federais – destinaria 16.000 dessas 25.000 vagas de 2016 para disputa entre os 80.000 que se matriculariam no primeiro ano do ensino médio de 2013: seriam 5 candidatos por vaga.
Cada escola, pública ou privada, receberia uma cota de vagas proporcional. A que tivesse 100 alunos no primeiro ano, teria 20 vagas. A que tivesse 200 alunos 40 vagas, e assim por diante. Os alunos seriam avaliados segundo dois critérios: ordem de classificação em um exame central (que no 3º ano poderia ser o ENEM) a critério das instituições federais e estaduais que entrassem no Convênio, e ordem de classificação nas avaliações de cada escola. Na prática, os 20 alunos mais bem classificados da primeira escola e os 40 da segunda – desde que tivessem confirmada sua posição no ranking do exame central, escolheriam sua vaga no rol dos cursos oferecidos de acordo com a classificação geral.
Imagine-se a mudança de comportamento dos estudantes e professores, sabendo que: a) os alunos garantiriam seu curso superior gratuito a partir do desempenho na própria escola (esforço e mérito do aluno); b) eles só teriam a confirmação do curso pretendido se tivessem o melhor desempenho possível no conjunto dos três exames centrais (qualidade da escola).
Para garantir o incentivo durante os três anos, as avaliações anuais – tanto da escola como dos exames centrais – teriam ponderações crescentes, guardando as maiores esperanças para o terceiro ano: 20%, 30% e 50% , respectivamente.
Que tal? Deu pra entender? Qualquer dúvida, conversamos depois.